dia 4 de agosto descobrimos um câncer no intestino do meu irmão.
eu poderia contar as minúcias de tudo: do medo, do pavor, do desespero, da dor, do medo, do medo, do medo. de todos os sustos que levei quando o telefone tocava, de quão incompreendida eu fui. poderia contar todos os detalhes de sadismo da unimed que atrapalhou onde pode atrapalhar.
prefiro falar de quão compreendida eu fui, de todo carinho, amizade, conforto que encontrei pelo caminho: amigos, amigos, amigos, nossa família e todo suporte que eles puderam nos dar fosse ele emocional, físico, material.
engraçado, as pessoas dizem "puxa, que barra". nunca pensei assim. nunca encarei tudo que nos ocorreu como uma "barra pesada". nunca coloquei mais peso no que é pesado por si. simplesmente atravessamos. foram duas cirurgias, algumas complicações e a prova de que deus existe e ele nos carrega no colo em momentos assim.
o que eu posso dizer hoje, dia 26 de outubro, após 53 dias internada junto com meu irmão é que não sou mais a ana carolina duarte que entrava na Venerável Ordem Terceira da Penitência quando ele se internou. não somos mais a mesma família. nós amigos não são os mesmos. tudo mudou pra melhor. muito melhor.
assim que tivemos o diagnostico dele,pesquisei algumas coisas do que poderia significar um câncer espiritualmente falando e sempre lia que era um presente de deus. não entendia. agora entendo. e agradeço a deus pela possibilidade de transformação tão radical.
sou (somos) eternamente gratos a todos que cruzaram nosso caminho no percurso. aos nossos amigos de anos, de outras vidas, vá saber. aos médicos que salvaram a vida do meu irmão, tão competentes, tão presentes, sempre tão disponíveis às nossas pirações de família. aos enfermeiros que estiveram junto 24h nos levando cuidado, carinho e risadas. às irmãs (era um hospital católico) que sempre, sempre, sempre nos levaram paz.
no mais é isso: bola pra fente que atrás vem gente.
:)