19.2.10

mais do mesmo. e chega, né?

Eu tenho inveja dessas pessoas que desde cedo veem a vida como ela é. Descomplicada. Simples. Fácil. Sem grandes arroubos. Essas pessoas que resolvem tudo logo cedo e evitam esquentações de cabeça depois.

Exemplo? Eis:

Eu tenho uma amiga que morava no mesmo condomínio onde eu morei quando criança. Lá, aos 11 anos, conheceu um menino. Ele era engraçado e logo, logo ela prestou atenção nele. Com 12, começaram a namorar. Com 20, noivado. Com 22 , CASAMENTO. Teve festa.. Eles têm um apartamento. Têm emprego. O marido ela? Gente boa toda vida, um pai super responsável. Ah, sim, claro, eles tem um filho lindo, lindo, lindo, simpático, esperto, levado. Entendeu? La foi lá e fez o que tinha de ser feito. Com 12 anos.

Quando ela casou eu achei que era loucura. “Mas como assim, casar aos 22 sem nem ter vivido. Nãããããooo, jamais casaria assim, tão nova”.

Honestamente? Sinto ódio da minha arrogância. Tão burro isso.

Aí eu, sabichona, fui viver. Uau, vou viver, vento embaraçando os cabelos, coração saltitante. Uma pirueta, duas piruetas. Bravo. Bravo.

Nossa, uau, como foi divertido tomar um pé na bunda atrás do outro, dar pra caras que me faziam ter ânsia de vômito de mim mesma no dia seguinte, conseguir porres homéricos e ressaca moral no dia seguinte. E caganeiras. A verdade precisa ser dita: beber dá caganeira. Das brabas.

Legal. Super bacana.

Sendo assim, comecei a redefinir o conceito do que seria viver.



VIVER=ser felizPE-LE-JA.

Por que?

Simples:

PORQUE EU ACHEI QUE A VIDA FOSSE UMA COMÉDIA ROMÂNTICA.

E, oi!, não é.


A vida foi, simplesmente, tropeçar em caras errados, escolher a profissão equivocada e beber além da conta. No mais... Bom, não tem “no mais”.

Mas neeeeeeem de longe.

E só fui conhecer WoodyAllen quandoo circo já estava armado. E eu era a palhaça. Se ele tivesse feito e eu tivesse visto Whatever works lá com 7 anos de idade, eu teria uma outra perpectiva do amor, da falta de sentido da vida, dos encontros e desencontros e eu certamente não teria catado tanto cavaco por aí. (ia escrever tomar na bunda, mas achei grosseiro).

Com 1 ano e meio me apaixonei pelo meu pai, aos 5 eu me apaixonei pelo He Man. Depois, pelo Ken, namorado da Barbie. Aos 13, pelo vizinho da frente (que nem sabia que eu existia, evidentemente), aos 18 consegui meu primeiro namorado (sim, aos 18. reflita), aos 21 terminei o namoro porque queria VIVER.

Toma totoma.

Meninas de 21 anos: não queiram viver. Sosseguem esta xereca aí, por favor. Fica com o seu namorado que tá bom demais. Sabe aquela montanha de músculos que vc quer ficar? Pois bem, vc vai ficar com ele. E só. Juro.

No fundo, a vida é simples. Bem simples. Aí a gente cai numas fantasias megalomaníacas e se enreda todo. Pelamordedeus.

Vou dar uma dica preciosa. Prestem atenção:

A equação é a seguinte: alegria = boas escolhas +sorte.

E você pode estar achando isso o óbvio ululante que pulula em vossos corações. Mas NÃO É. Perceba: eu sempre rechacei qualquer ideia que fizesse meu futuro se assemelhar com qualquer coisa que fosse menor que apoteose. Queria um master emprego, queria uma paixão dessas de filme, dessas que a gente tem apenas notícia mas que nunca viu de perto. Meninas, isso não existe. De verdade.

E com 30 anos você só vai querer um cara legal, que queira cuida de você, que queira ter um filho contigo, um cachorro, que não se importe de pagar a conta do celular quando você extrapolar e que te fale, romântico, uma coisa mais ou menos assim.

Não há apoteose na vida real. E isso, você vai ver, é bem legal, acredite.

13 ficando fora de si:

Fábio Vanzo disse...

A vida é um filme novaiorquino dos early 1970s.

Michael Lourant disse...

Adorei o texto!
Queria que essa lucidez estivesse presente em metade das gurias que amei com todas as forças da minha vida!
Mas a vida é isso aí... meter as caras e experimentar do jeito difícil mesmo.

Em breve vou postar algo mencionando seu texto. Já vinha pensando nesse assunto há algum tempo!

Unknown disse...

me vejo em você com 21 anos (que é minha idade atual), e até chorei lendo tudo isso...porque não sai da minha cabeça que não consigo viver diferente, mesmo sabendo que vou me arrepender aos 30.

Carol disse...

Honey,

Vai ter uma segunda parte do texto, calminha! Não chore!!!

Com 21 anos a gente quer mais é se jogar... e arcar com as consequencias disso (se esborrachar no chão, por exemplo).
Tenho lembranças ótimas do meu carnaval de Olinda, das noitadas com as amigas, dos churrascos, chopadas.
Claro que eu, aos 30 anos, queria estar casadinha e tal.. enfim, é uma perpectiva de hoje. Aos 21 eu só queria mesmo beijar na boca do musculoso lá! hehehe
Seja feliz, querida!

:D

Beijos

Pedro disse...

A vida só é simples pros outros, pra gente ela sempre complica.

Mari Hauer disse...

Nossa, que texto massacradamente delicioso!

Me vi em cada linha. Tenho aqui meus 28 anos, talvez tenha escolhido a profissão errada. Sempre escolhi os caras errados! Minha história parece ser bem parecida com a sua: minhas amigas casaram logo depois que se formaram e eu fui fazer mestrado em Porto Alegre. Logo eu, que nasci no interior de São Paulo e já tinha ido morar sozinha em São Paulo. Hoje, elas estão engravidando e tendo filhos. E eu continuo sozinha, solteira e sem perspectiva.

Já me revoltei com as pessoas que vivem, desde quando nasceram, de acordo com a cartilha, sem escapar de uma liçãozinha. Mas eu rasguei a minha na maternidade.

Mas sabe, hoje aceitei viver na base da tentativa e (muitos) erros. E até que funciona!
Uma vez uma amiga mais velha que eu, também solteira, falou: tem gente que nasceu com vocação pra ter filhos, ser mãe e esposa. Eu não nasci. E, 4 meses depois, ela conheceu o cara com quem ela casou e é super feliz.

Aprendi a ser feliz sozinha. Claro que faz falta alguém pra dormir do seu lado, dividir a vida, os perrengues e as alegrias... Sobra tanta falta! Mas não adianta eu franzir a sobrancelha, enrugar a testa e nem mesmo sair correndo desesperadamente atrás de um cara que eu continue me sentindo vazia quando estiver do meu lado...

Acho que liguei o foda-se! Foda-se estar sozinha, foda-se se o fulaninho não me quer, foda-se que o mundo me cobra que eu esteja com alguém "do meu nível".

Nunca segui muito as normas sociais e, acho que se tivesse vivido diferente, talvez não fosse feliz!

Um beijo! Adorei o texto... acho que eu estava precisando disso, logo hoje...

Camila disse...

Excelente, excelente texto. Nem vou dizer mais nada porque ainda estou aqui, pensando em como busquei a apoteose a vida toda e como é bom saber que a vida é melhor do jeito que ela está agora, simples.

Priscila Bispo - disse...

Eu acho que Carrie Bradshaw queria ter escrito isso.

Carol disse...

Discordo totalmente! Carrie Bradshaw teria enaltecido a noite novaiorquina!

Laura Rodrigues Machado disse...

Li a história da sua amiga e pensei "que desperdício de vida, gente!", como era de se esperar de uma menina de dezoito anos como eu. Mas, ao mesmo tempo, senti inveja da simplicidade da vida dela. Da objetividade. E ainda assim penso que não deve ser tão extremo, tão "casar com o cara com quem começou a namorar aos 11 anos". Vê? É a inveja da simplicidade versus o medo de perder vida com tanta objetividade.

Aqui quem fala é uma guria que viveu de paixõezites desde que se entende por gente. Guria que amava os filmes de romances fantásticos da Disney e passou a chorar com comédias românticas, que criou uma relação de amor e ódio com esse tal de romance. Mas é claro que depois comecei a odiar os finais previsivelmente felizes e toda a impossibilidade de aquilo tudo acontecer comigo. Daí surgiu o monstro: a menina que quase explode de tanto sentir, mas constrói em volta de si um muro.

"A vida foi, simplesmente, tropeçar em caras errados, escolher a profissão equivocada e beber além da conta" É o que tem sido a vida. Pode rir de mim, vai, e pensar "poxa, mas com dezoito anos e já me vem com essa?". Mas tem sido bem assim mesmo. Dedo podre way of life no quesito homens, aquele pensamento "cara, eu não deveria sentir que nasci pra isso?" quanto à faculdade e sobre o álcool, bem... Ainda ontem (depois de me contarem coisas que fiz de sexta pra sábado e não me lembro) me perguntava se as outras pessoas faziam tanta cagada sob efeito de álcool ou se eu era a anormal da história.

Tenho visto muito essa vontade de "sossegar a xereca", nunca vi tanta gente à procura de namorado como tenho visto ultimamente... Mas quem disse que acham? Quem disse que acho?

No final me vejo meio boba, meio "naive", porque eu quero um master emprego (ou pelo menos me encontrar no que faço). Eu quero um romance desses de filme. E por mais que eu acredite que isso não exista, por mais que eu veja que ninguém perto de mim tem isso... É o que quero.

Isabela Pimentel disse...

Meio curioso isso, né?

Também tenho esses pensamentos com 22 anos..apos namorar uma pessoa que gostava muito e ter dado errado por ironias da vida, comecei a pensar em sair e aproveitar, e nessa, conheci uma pessoa que aliava vontade de namorar e aproveitar e achei q fosse o relacionamento perfeito, mas a pessoa quis "voltar a viver" e terminou comigo...

No fundo, acho q independente de alguem ou nao conosco, devemos aproveitar nossa vida individualmente, mas ter momentos com alguem especial...por que as festas passam, chopadas tb, bebedeiras tb, mas e aquele amor de festa, será q é um amor pra vida, pro cotidiano?

É uma junção de sorte e momento certo: depois de aproveitar, você reencontra aquela pessoa que naquela epoca "era cedo demais p ter algo tao serio" e voces casam, podia ser simples assim, né? Pra que ninguem fique c aquela culpa: namorei milênios e não aproveitei a juventude...

Tema complexo...mas a arte da vida é se reiventar todos os dias, com ou sem aquele príncipe!

Renuska disse...

Acho que tu conseguiu coloar num post o que eu fico tentando enfiar na cabeça há tempos!

Priscila Bispo - disse...

Não se esqueça, menina Carolina, Carrie sempre quis um 'happy end'! Sempre deu ode às noites de N.Y, mas sonhava mesmo era com uma vida toda pacata com Big!

beijocas, nega! ;)