19.5.10



O temperamento dos que têm Oyá como òrisà de cabeça costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que para outras pessoas, não mereceriam tanta atenção e principalmente, tão grande dispêndio de energia. Eles fazem mesmo tempestades em copo d’água e perdem amizades de vidas inteiras por não avaliarem corretamente as acusações que são capazes de fazer num momento de explosão, pois para eles aquele momento é de guerra; a pessoas que está à sua frente é o inimigo e só uma palavra de ordem serve para eles: aniquilar, destruir. Podem ser particularmente mesquinhos em suas vinganças, exagerando o número de atitudes que tomam se comparado com o primeiro móvel de sua vingança.

São do tipo Yansã aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, a todos, aspectos particulares de sua vida. É verdade que certo exibicionismo pode fazer parte do seu arquétipo, mas os filhos de Yansã não desejam apenas atrair a atenção dos outros quando socializam suas emoções. Mais do que isso querem efetivamente dividir a grande alegria, expor o grande prazer para ele poder ser compartilhado, querem que todos estejam imbuídos dos mesmos sentimentos que vivem naquele momento, pois tais emoções parecem tão fortes que, para um filho de Yansã, elas devem ser capazes de contagiar a todos.

Como este é arquétipo que gera muitos fatos, é comum que pessoas de Yansã surjam freqüentemente nos noticiários. Se para elas cada ato é dimensionado numa visão grandiosa, cada gesto deve ser conseqüências arrasadoras ou empolgantes; não é difícil perceber-se que são geradoras natas de noticias.

Ao mesmo tempo, é um caráter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis que costumam fascinar senão aterrorizar os que os cercam e os grandes interessados no comportamento humano. Essa é uma razões que levam os ficcionistas a mostrar tipos de Yansã em seus personagens, pois passam a ter nas mãos figuras que conduzem as histórias com muita liberdade, conduzindo as tramas para caminhos insuspeitados, abrindo um leque de opções para quem trabalha com a imaginação. São, como se diz, prato cheio para quem lida com o comportamento humano e para quem narra histórias sobre esse comportamento. A Gabriela de Jorge Amado, por exemplo, se encaixa bem nesse tipo, pois, quando deseja, tira os sapatos, joga-os para o ar e sai brincando com as crianças na rua, feliz porque o sol bate em sua pele, porque é gostoso brincar de roda, esquecendo os horários e as obrigações, porque naquele dado momento de sua vida encontrou uma fonte de prazer deliciosa, que talvez não exerça o mesmo encanto amanhã.

Os filhos de Yansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só o conseguem com os que não os conhecem detidamente. Ou se conseguem, será apenas por pouco tempo, pois uma contrariedade, uma vontade não satisfeita, um incidente menor pode fazer o caldo entornar e a pessoa ter uma espécie de acesso de fúria, despejando tudo o que mantinha escondido, transformando sua tentativa em ser surpreendente num mero segredo de polichinelo. A longo prazo, um filho de Yansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões.

Eles têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda.

São muito ciumentos, possessivos, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição que não a que ele mesmo faz contra o ser amado, Yansã tende para o autoritarismo e sua mutabilidade faz com que o gênio de seus filhos seja muito difícil,mudando a cada momento, sem que os outros estejam preparados para essas guinadas.

Apesar de teoricamente prezarem a sinceridade, podem mostrar-se traiçoeiros com as pessoas que elegem como seus inimigos – inimigos esses que surgem às pencas, já que, perante a agressividade e a tendência à arrogância dos filhos de Yansã,não são poucos os que se rebelam.

Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos para seu circulo mais íntimo.

Profissionalmente, um filho de Yansã pode dar-se muito bem por causa de sua obstinação.

Se consegue descobrir seu verdadeiro talento, pode destacar-se, pois fará tudo o que é possível ,e um pouco mais, para ser conhecido dentro de sua carreira, querendo acima de tudo ser respeitado.um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com que vê sua vida amorosa; outros detalhes podem também contaminar os aspectos profissionais. Assim, não é de se espantar que um filho de Yansã não consiga fixar-se no mesmo trabalho e, por isso, não atinja nenhum tipo de sucesso.

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Epaiêio, minha mãe.

2 ficando fora de si:

Priscila Bispo - disse...

'Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento

"É vista quando há vento e grande vaga
Ela faz um ninho no enrolar da fúria e voa firme e certa como bala
As suas asas empresta à tempestade
Quando os leões do mar rugem nas grutas
Sobre os abismos, passa e vai em frente
Ela não busca a rocha, o cabo, o cais
Mas faz da insegurança a sua força e do risco de morrer, seu alimento
Por isso me parece imagem e justa
Para quem vive e canta num mau tempo"

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
E Santa Bárbara é santa que me clareia

A minha voz é o vento de maio
Cruzando os mares dos ares do chão
Meu olhar tem a força do raio que vem de dentro do meu coração

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
E Santa Bárbara é santa que me clareia

Eu não conheço rajada de vento mais poderosa que a minha paixão
Quando o amor relampeia aqui dentro, vira um corisco esse meu coração
Eu sou a casa do raio e do vento
Por onde eu passo é zunido, é clarão
Porque Iansã desde o meu nascimento, tornou-se a dona do meu coração

O raio de Iansã sou eu...

Sem ela não se anda
Ela é a menina dos olhos de Oxum
Flecha que mira o Sol
Oyá de mim!'

Epaiêio, Oyá!

Carol disse...

Que linda!!!