Brincando no meu quarto enquanto eu fazia preguiça na cama, você pergunta:
- Cadê o meu Papai?
Conto a história sem rodeios, diante do seu olhar não muito atento. Rapidamente você se distrai com outra coisa.
À tarde, estamos tomando um lanche no meu café predileto. Você diz, naturalmente:
- Eu fiquei muito triste que o meu Papai morreu. Fiquei muito bravo porque ele tá "morrido".
Senti o mesmo, filho. E, como você, expressei sem medir as palavras. É muito bom ver sua lucidez. Conheço gente de quase quarenta que até hoje não sabe dar nome ao que sente.
Bom começo, Francisco. Bom começo.
Para Francisco, Cris Guerra.
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aí que eu li isso e tô aqui chorando.
Eu passei, pelo menos, 15 anos de hiato entre perguntar "cade meu pai?" e dizer "to triste e brava porque ele tá morrido", sem poder falar sobre a saudade que sinto do meu pai. Sem poder falar da raiva, da mágoa, do desamparo, da solidão.
O que mais dói é eu não poder olhar pra ele e dizer: "por que vc fez isso comigo?", "eu morro de saudade", "eu sempre quis ser uma filha pra vc se orgulhar".
Mentira. O que mais dói é eu não ganhar cafuné nem poder dar um abraço.
É isso que dói.
2 ficando fora de si:
Carol....não sei ainda a dor de perder um pai...mas sempre que me lembro da morte do meu avô eu choro também....é a saudade que fica que tortura a gente...
Sinto essa falta da minha avó.
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