1.2.09

Mulheres Densas Protestam

Temos que admitir que não rimos com qualquer comédia, mas temos loucura pelas bem feitas. Também não nos abalamos por qualquer draminha mexicano, mas nos apaixonamos pelos que nos fazem esquecer que é de mentira. Discordamos de quem ache cinema nacional, europeu, asiático e documental um excelente antídoto contra insônia. Até encaramos comédia romântica Blockbuster nos dias muito inspirados. Não nos importamos de "pensar" no cinema, muito menos no teatro. Não baixamos o MP3 hit do momento, que nosso gosto musical também é fã do que não é lugar comum. Já descobrimos que dançar música sem nenhuma profundidade libera enzimas que fazem muito bem, obrigada! Não vamos ler os best sellers mais vendidos e nem aquele sucesso que está no colo de todos os usuários de metrô, que nosso negócio é descobrir aqueles incríveis achados de sebo - pois também aprendemos a não gastar em vão. Não nos fixamos em marcas da moda, mas em roupas de atitude, que não pareçam feitas em série. Perdemos o tesão de conferir o programa mais falado do momento, pois concordamos com Nelson Rodrigues que toda unanimidade é burra. E fala-se tanto nos mais assistidos que mesmo sem acompanhar já estamos por dentro do que não faz falta nenhuma! Não fazemos os exercícios do momento e nem o que só surte efeito no corpo, pois já nos viciamos em bem estar, serotonina e endorfina! Nossos hobbies nos deixam entre a cruz e a espada de largar tudo por eles, mas tememos o risco de transformar as paixões mais recentes em obrigações, necessidades e sobrevivência. Fazemos loucurinhas de vez em sempre e assinamos embaixo que nunca é tarde para elas e, principalmente, nenhuma é tão tola que não mereça ser realizada. Queremos tudo ao mesmo tempo aqui e agora. Mudanças nos fazem brilhar os olhinhos. Também dispensamos baladas tipo todo mundo vai e curtimos descobrir as noitadas alternativas. Planejamos nossos dias, mas amamos quando fogem ao previsto. Nos apaixonamos, mas não temos dificuldade de virar a página. Tomamos remédio em caso de emergência, mas apelamos mais frequentemente para a terapia alternativa holística***. Temos uma relação de amor e ódio com a profissão escolhida, como todo cristão que se preze. Nos identificamos mais com a espiritualidade e menos com a religiosidade. Já aprendemos que retiros e meditações também dão barato de um outro gênero. Questionamos sempre. Nos sentimos só, mas vamos à luta e passa rápido. Temos nossos dias de vaidade, mas ela não nos norteia a vida. Enfim, não somos mulheres categoria clichê. E se você nos acha difícil, por favor, o guichê das Barbies comuns é logo adiante. 
*** Análise, né, meu bem.
Fora este pequeno detalhe, não podia ser mais eu.

2 ficando fora de si:

Anônimo disse...

Que beleza de texto!

Rose Carreiro disse...

Tava pensando que essa dae sou eu, mas seria prepotente demais assumir isso assim, se bem que acabei de faze-lo hahahahaha

Beeeeeeeeeeijo