20.5.09

Da chegada do amor

Elisa Lucinda


Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que sua estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.

8 ficando fora de si:

Sthéfanie Louise disse...

ME-U DE-US :O
Vc mesma escreveu isso? Que perfeição! Vc tem o dom minha cara amiga, meus parabéns, isso ta mto mto lindo, adorei mesmo
sem contar que eu me identifiquei total com praticamente tudo
a merda é... essa pessoa existe? =x (isso pq eu ja tenho namorado né)
ai ai
Deus me ajude... hahahaha
;** flor

Velloso disse...

Li no dia 20... tô aprendendo ainda a passear por aqui... Dá inspiração... e é de tirar o fôlego! Como diria o mestre Paulinho da Viola, é pra quem tem as janelas da vida abertas! Espero que você possa cantar como jamais cantou a felicidade!!! Tua intensidade é de encantar, e a mim não passa desapercebida...
Bjs!

Amanda disse...

Carol do céu, isso é seu, né? Claro, qdo não é vc diz. Amei. Amei. Amei.

Carol disse...

Gente, aqui entre nós: esta lindeza de poema infelizmente não é minha. Diz sobre mim, mas não é minha. O nome da autora ta ali do ladinho, ó: Elisa Lucinda!
;)

MIUDINS disse...

Sou louco pela Lucinda e por todos os poemas por ela paridos. Você a conhece pessoalmente? Ela é uma simpatia!! Já tive o prazer de vê-la três vezes aqui na Bahia. Tenho dois livros autografados. Beijos, coisa-mais-que-linda.

Amanda disse...

rá rá!!! vc botou no cantinho...

Pedro disse...

E não é o que todo mundo quer?

Anônimo disse...

Lindo poema!

Gostei daqui...



beijoss


=)